Os governadores da Região Nordeste acertaram com o Ministério da Saúde a assinatura de um contrato de compra de 39 milhões de doses da vacina russa Sputnik V. Segundo os governadores da Bahia, Rui Costa (PT), e do Piauí, Wellington Dias (PT), os últimos detalhes da negociação já foram fechados e a aquisição deve ser oficializada ainda nesta sexta-feira, dia 12.
Rui Costa já vinha negociando com o Fundo Soberano Russo desde agosto de 2020, quando assinou um memorando para a compra de 50 milhões de doses. A negociação foi destravada nesta semana após o Congresso aprovar e o presidente Jair Bolsonaro sancionar a lei 534/2021, que autoriza estados, municípios e o setor privado a comprarem vacinas diretamente dos laboratórios. A nova legislação, no entanto, prevê que o imunizante deve ser autorizado pela Anvisa, o que ainda não aconteceu com a vacina russa.
Para pressionar o Ministério da Saúde, Costa declarou que iria formalizar por conta própria o contrato nesta sexta se a pasta não se pronunciasse. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, então, se reuniu por videoconferência com os governadores da Região Nordeste na quinta-feira, 11, e combinou que a pasta assumiria o contrato e compraria as doses negociadas, segundo eles. “O ministro disse prontamente: nós compramos a vacina pelo SUS”, afirma Wellington Dias, que é presidente do consórcio do Nordeste e tem feito o meio de campo entre os governadores e Pazuello. Segundo Dias, o ministro instituiu um “novo parâmetro” para reforçar o portfólio de vacinas disponíveis no Brasil: “Podemos ter a iniciativa, mas o governo (federal) se dispõe a assumir o contrato, pagar pelo SUS e colocar a vacina para todo o Brasil”, explicou ele.
Procurado, o Ministério da Saúde ainda não confirmou oficialmente a compra. Segundo os governadores, as doses custaram 9 dólares cada uma e devem começar a ser entregues em março, que é considerado até agora o pior mês da pandemia no Brasil, com recordes diários de mortes e o colapso nos sistemas de saúde em todas as regiões do país.
Nesta sexta-feira, o gerente de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, fez uma atualização sobre o andamento do processo de registro da vacina russa. Segundo ele, a empresa pediu autorização para o uso temporário, mas teve a solicitação devolvida para o complemento de alguns questionamentos técnicos. “A expectativa é que os próximos passos sejam tomados pela empresa”, disse Mendes.
Matéria de VEJA desta semana mostra que, diante do agravamento da crise de Covid-19, as principais autoridades do país conseguiram superar algumas divergências e ensaiar uma atuação mais coordenada para ampliar a vacinação, que envolve a atuação dos governadores, Congresso, Planalto e iniciativa privada.