Jair Bolsonaro é o pior presidente da história e sua administração está provocando o maior retrocesso em décadas. Sua gestão na Saúde está levando milhares de brasileiros a uma morte perfeitamente eveitável. O presidente tornou-se radiativo: participar de seu governo significa, necessariamente, destruir a própria reputação.
Bolsonaro precisa de alguém decente e respeitável no cargo, mas o que levaria alguém decente e respeitável a aceitar ser ministro a esta altura do campeonato?
A resposta óbvia é: nada no mundo.
Mas a verdade é que existe um (único) motivo: um esforço de salvação nacional.
Em 1991, Marcílio Marques Moreira, um dos brasileiros mais decentes e respeitáveis de que se tem notícia, aceitou ser ministro da Fazenda do governo nada decente ou respeitável de Fernando Collor. Era um cargo que, em condições normais, Marcílio recusaria, mas o Brasil naufragava no caos, e era imperioso que assumisse o leme alguém em quem a sociedade e os credores pudessem confiar. Marcílio assumiu, pôs a bola no chão, e, um ano e meio depois, saiu.
O esforço de salvação nacional capaz de justificar que alguém decente e respeitável decida ser ministro de Bolsonaro a esta altura é, claro, controlar a pandemia. Para que um tal alguém aceite a tarefa, entretanto, Bolsonaro precisaria lhe dar carta branca absoluta. Como Collor fez com Marcílio.
Collor não deu carta branca a Marcílio porque quisesse, mas porque sabia que era sua única chance. Bolsonaro, em vez de dar carta branca a Ludhmilla Hajjar, permitiu que suas redes a massacrassem. Antes mesmo de o convite ser aceito.
A diferença entre Collor e Bolsonaro é que o ex-presidente era um homem inteligente e não era suicida, enquanto que o atual presidente é o capitão do Exército que mostrou a uma jornalista seu plano para explodir bombas em quartéis.
No que depender de Bolsonaro, ninguém respeitável aceitará o cargo e milhares de brasileiros continuarão morrendo. Junto com eles, morrerá o futuro político de Jair Bolsonaro.