Ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, dos 21 titulares do Conselho de Ética da Câmara apenas três defenderam a punição do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) que completou nove dias de prisão por ter feito apologia à ditadura militar. Os demais não disseram como votarão o processo de cassação aberto contra ele.
A prisão de Silveira foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, aprovada por seus pares e endossada pela Câmara. O processo para a eventual cassação do mandato dele foi instaurado ontem. Mas tudo indica que, se tanto, ele receberá algum tipo de censura, ou nem mesmo isso.
O corporativismo é grande na Câmara. A maioria dos deputados teme que a punição de um deles abra caminho para a punição de outros. É por isso que Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, quer aprovar uma emenda à Constituição que fecharia de vez a porta a novas prisões de parlamentares por ordem do Supremo.
São poucos os deputados que não respondem a algum processo. O próprio Lira é réu duas vezes no Supremo por crimes de corrupção. Favorece Silveira o fato de o seu caso vir a ser examinado juntamente com o caso da deputada Flordelis (PSD-RJ), acusada de ter mandado matar seu marido, o pastor Anderson do Carmo.
Deputados consideram que não se pode aplicar o mesmo tratamento a Silveira e a Flordelis. Assassinato não se compara à apologia da ditadura. Jair Bolsonaro está também empenhado em livrar a cara de Silveira. O que poderá complicar mais a vida dele é o que venha a ser encontrado em seus celulares apreendidos.