Mesmo oficialmente indicado como ministro da Saúde, pode-se dizer que o cardiologista Marcelo Queiroga se debilita antes de assumir, o que é realmente novo em se tratando de enfraquecimento de ministro. Ele acabou se prestando na semana passada a ser um orientando do general Eduardo Pazuello, que foi péssimo em sua gestão.
Depois, deu declarações contra a aglomeração – o que é um avanço se lembrarmos que Pazuello chegou a participar de uma antidemocrática no início da pandemia -, mas viu o seu chefe, o presidente Jair Bolsonaro, fazer uma festa na porta do Palácio do Alvorada para comemorar o seu aniversário.
A lista de maus exemplos do indicado continuam. Esperar os números agudos da crise sanitária arrefecerem um pouco para sentar na cadeira, como informou a coluna, é insensível, mas aguardar Bolsonaro arrumar um foro privilegiado para Pazuello, que poderá responder criminalmente pelas malfeitos na pandemia, chega a ser desumano.
Bolsonaro já mostrou que a nova prioridade dele para a Saúde é encontrar uma saída honrosa para o general, independentemente do tempo que isso demore. A Saúde não é importante. Nunca foi. O problema é: Queiroga revela que vai se adaptar ao que for preciso para manter-se no cargo, já que aceita até a situação de purgatório, quando nem é ministro, nem deixa de ser.
Ou seja, vamos ser honestos, Queiroga não assumiu o primeiro escalão, mas já é um candidato a Viúva Porcina, personagem interpretada por Regina Duarte, ex-secretária de Cultura, na novela Roque Santeiro. O “take” acontece enquanto o cardiologista informa que vai verificar se as pessoas estão realmente morrendo de Covid-19 no Brasil. Era só o que faltava: esse tipo de prioridade do ministro enquanto a saúde sucumbe.