Os órgãos de saúde do Brasil investigam 47 casos suspeitos da chamada hepatite misteriosa. O cenário ainda é de incerteza e a comunidade científica busca uma resposta para entender o que tem causado a doença, que acontece sobretudo entre crianças. Inicialmente, especialistas acreditam que a doença tem relação com uma contaminação viral. Como a Jovem Pan mostrou anteriormente, o principal suspeito de ser o agente causador da enfermidade é o adenovírus, que também causa o resfriado. Ele foi encontrado em vários pacientes que apresentam o quadro de hepatite. Algumas suspeitas decaem tanto sobre o SARS-CoV-2, que provoca a Covid-19, mas nada foi comprovado ainda, como destaca a hepatologista Gilda Porta. “Ainda está para determinar se existe essa associação, se existe uma comorbidade maior nessas crianças que têm hepatite aguda grave. Então, a gente ainda não sabe ainda a etimologia dessa hepatite aguda, que pode ser severa, como eles falam, levando à falência do fígado, necessitando de transplante.” Até o momento, o Brasil não tem nenhum caso da enfermidade confirmado, mas 11 Estados já identificaram possíveis diagnósticos: Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Goiás, Maranhão e Santa Catarina.
A ‘hepatite misteriosa’ tem afetado crianças de 8 meses a 16 anos, sendo que 54% dos casos são em meninos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu alerta sobre a doença há pouco mais de um mês. No mundo, já são 420 diagnósticos e seis óbitos. O pediatra Renato Kfouri destaca que o cenário preocupa, sobretudo pela incerteza de como a doença é contraída. “Será que existe alguma coisa no ambiente ou relacionada a algum medicamento? Esses casos não são relacionados. Já temos centenas deles espalhados em todos os continentes, o Brasil caminha para confirmar alguns casos. Isso tem intrigado a comunidade científica e esperamos que em breve possamos ter respostas para elucidar a causa da hepatite e formas de prevenção”, reforça. O Ministério da Saúde orienta aos profissionais de saúde que suspeitas sejam notificadas imediatamente e informa que os “Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) e a Rede Nacional de Vigilância Hospitalar (Renaveh) monitoram qualquer alteração do perfil epidemiológico, bem como casos suspeitos da doença”.