De acordo com o especialista Rodrigo Balassiano, a expansão dos FIDCs no mercado internacional representa um marco na evolução dos fundos de investimento em direitos creditórios no Brasil. Tradicionalmente voltados ao financiamento de recebíveis nacionais, os FIDCs agora atravessam fronteiras e se tornam instrumentos atrativos para investidores globais, especialmente diante da sofisticação do mercado financeiro brasileiro e do apetite por ativos com bom retorno ajustado ao risco.
Quer entender por que os FIDCs brasileiros estão ganhando espaço no radar de investidores do mundo todo? Acompanhe e descubra como essa nova fronteira pode abrir oportunidades globais para o crédito estruturado no Brasil!
Como os FIDCs no mercado internacional têm evoluído nos últimos anos?
A internacionalização dos FIDCs no mercado internacional vem ganhando tração a partir de uma combinação de fatores, como o interesse de investidores estrangeiros por ativos brasileiros, a estabilidade jurídica do setor e o aprimoramento da regulamentação. A edição da ICVM 175, por exemplo, facilitou a estruturação de cotas com diferentes níveis de risco, tornando os fundos mais atrativos para perfis variados de investidores. Além disso, o crescimento da digitalização na gestão de ativos proporcionou mais segurança, transparência e controle, reduzindo barreiras de entrada para participantes internacionais.

Outro aspecto relevante é o papel das agências de classificação de risco, que passaram a avaliar FIDCs com critérios mais alinhados aos padrões globais. Segundo Rodrigo Balassiano, isso permitiu maior comparabilidade com outros instrumentos de crédito internacional, atraindo fundos de pensão, family offices e gestoras estrangeiras interessadas em diversificar suas carteiras com ativos brasileiros. A credibilidade do setor aumentou, elevando o nível de governança exigido e fortalecendo a imagem dos FIDCs no exterior.
Quais os principais desafios dos FIDCs no mercado internacional?
Apesar do avanço dos FIDCs no mercado internacional, ainda há obstáculos importantes a serem superados. Um dos principais é a padronização da documentação e das práticas operacionais exigidas por investidores estrangeiros. Muitos fundos brasileiros ainda operam com contratos e sistemas adaptados à realidade local, o que dificulta a compreensão por parte de players internacionais que exigem conformidade com normas como as da SEC, da ESMA ou da IOSCO.
Outro ponto de atenção é a questão cambial. A exposição ao risco de variação do real frente a moedas fortes pode impactar significativamente a atratividade dos FIDCs no mercado internacional. Embora existam mecanismos de hedge disponíveis, nem todos os gestores adotam estratégias robustas de proteção, o que pode afastar investidores mais conservadores. O custo dessas operações, inclusive, pode ser elevado e comprometer a rentabilidade dos fundos.
Como pontua o especialista Rodrigo Balassiano, a transparência na originação dos ativos também é um desafio. Para conquistar a confiança de investidores globais, é essencial demonstrar que os recebíveis adquiridos são legítimos, bem documentados e com bom histórico de performance. Isso exige aprimoramento contínuo dos processos de diligência, compliance e auditoria, especialmente nos setores mais sensíveis, como varejo, educação ou serviços financeiros.
Quais são as perspectivas futuras para os FIDCs no mercado internacional?
O futuro dos FIDCs no mercado internacional é promissor, principalmente com a consolidação de marcos regulatórios e a crescente integração do Brasil aos fluxos financeiros globais. A possibilidade de emissão de cotas em moedas estrangeiras, o uso de plataformas tokenizadas e a interoperabilidade com bolsas internacionais abrem espaço para uma nova geração de fundos com perfil híbrido, que unem características locais com práticas de governança globais. Isso deve ampliar ainda mais o leque de investidores potenciais.
Em suma, como elucida Rodrigo Balassiano, a ascensão dos FIDCs no mercado internacional é mais do que uma tendência: trata-se de uma transformação estrutural com impactos significativos na forma como os fundos são concebidos, geridos e utilizados como ferramentas de financiamento. Ao ultrapassar fronteiras, os FIDCs ganham em sofisticação, liquidez e relevância, posicionando-se como uma alternativa estratégica tanto para emissores quanto para investidores. O sucesso dessa expansão, no entanto, depende da superação de desafios regulatórios, operacionais e cambiais, além da capacidade do mercado brasileiro de dialogar com os padrões e expectativas internacionais.
Autor: James Smith